Projeto "Número Infinito" - Poemas de Augusto dos Anjos - Lei Rouanet
A poesia de Augusto dos Anjos
Último poema escrito por Augusto dos Anjos minustos antes de desencarnar
O Último Número
Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
A Idéia estertorava-se... No fundo
Do meu entendimento moribundo
Jazia o último Número cansado.
Era de vê-lo, imóvel, resignado,
Tragicamente de si mesmo oriundo,
Fora da sucessão, estranho ao mundo,
Com o reflexo fúnebre do Incriado:
Bradei: - Que fazes ainda no meu crânio?
E o Último Número, atro e subterrâneo,
Parecia dizer-me: "E tarde, amigo!
Pois que a minha antogênica
Grandeza Nunca vibrou em tua língua presa,
Não te abandono mais! Morro contigo!"
Poema psicografado por Chico Xavier
atribuído a Augusto dos Anjos
Número Infinito
Sístoles e diástoles derradeiras
No Hirto peito, rígido e gelado.
E eu via o “ÚLTIMO NÚMERO” extenuado
Extertorando sobre as montureiras.
Escuridão, ânsias e inferneiras.
Depois o ar, o oxigênio eterizado.
E depois do oxigênio o ilimitado,
Resplendente clarão de horas primeiras.
Busquei a última visão das vistas foscas.
O derradeiro Número entre as moscas,
À camada telúrica adstrito.
E eu vi, vítima dúctil da desgraça,
Vi que cada minuto que se passa
É nova luz do Número Infinito.